Sertillanges dizia que o intelectual não é o isolado. A frase, aparentemente simples, carrega uma precisão rara.
Isolamento é a ausência de circulação: de ideias, de afeto, de troca.
Ficar demais com os próprios pensamentos pode ser armadilha. Quando não há deslocamento físico, simbólico, relacional, o pensamento começa a girar sobre si mesmo.
Há deslocamentos que parecem pequenos, mas movimentam mundos. Levantar da cadeira, sair de casa, cruzar a cidade para estar com outros — tudo isso pode parecer banal. Mas, no contexto atual, onde quase tudo pode ser feito de longe, escolher estar fisicamente em um lugar se tornou um gesto simbólico, que fala de envolvimento.
Quando a experiência é presencial, não é apenas o conteúdo que nos aciona, mas o percurso até ele. A preparação, o trajeto, os rostos que vemos, os ruídos do entorno, as pausas não programadas. O pensamento se expande porque o corpo participa. E há uma diferença concreta entre assistir a uma fala e estar com ela. Há uma diferença no na escuta, e essa diferença é constitutiva do que chamamos aqui de experiência intelectual.
Em um tempo que nos treina para a aceleração, voltar ao espaço da presença é uma forma de sustentar o saber.
É preciso desnaturalizar o isolamento. Fazer da aprendizagem algo que se dá também no encontro. Porque há compreensões que só se dão na fricção com o outro.
É por isso que acreditamos que a fisicalidade importa. Não como um movimento nostálgico do ensino presencial, mas como afirmação de que quando o corpo se move, o pensamento se move junto.
Foi por acreditar em tudo isso que decidimos realizar o primeiro Mastermind de Reforma Tributária do Brasil de forma presencial. Não como seminário ou curso tradicional, mas como uma experiência de ativação — intelectual, coletiva e sensível.
Serão dois dias de exposição de fôlego interpretativo. Vamos reunir mentes que têm pensado a reforma tributária com densidade, visão prática e amplitude. Vamos ouvir, perguntar, discordar, conectar.
As vagas são limitadas. A presença, não.