Aprender é uma jornada, não um destino
Uma reflexão sobre a revolução tecnológica, a nossa condição de eterno aprendiz e a complexidade do amor para a Filosofia Antiga
A revolução tecnológica tem gerado espanto ou temor?
Para muita gente, isso é, sim, motivo de medo. Esse é o caso, segundo pesquisa da Universidade Chapman, dos cidadãos americanos que têm mais medo de robôs do que da morte. Como aponta o professor de sociologia da instituição, “as pessoas tendem a expressar o mais alto nível de medo por coisas das quais dependem, mas sobre as quais não têm qualquer controle, e isso é uma definição quase perfeita de tecnologia”.
Estando a tecnologia incorporada ao nosso cotidiano de trabalho, é natural que alguma ansiedade surja em relação a tantas novidades incontroláveis — o que também explica os dados de outra pesquisa recente: 22% dos trabalhadores norte-americanos temem que seus empregos possam se tornar obsoletos devido à tecnologia.
Essa realidade não está distante do Brasil. Por aqui, segundo dados da McKinsey, o potencial de automação, por meio da tecnologia, é de 50% da força de trabalho (sendo substituída por robôs), o que equivale a 53,7 milhões de trabalhadores, do total de 107,3 milhões economicamente ativos.
Se a revolução tecnológica é incontrolável, precisamos focar no que está sob nosso controle: como agimos diante desse cenário.
Não há como parar as mudanças tecnológicas e comportamentais que são cada vez mais avassaladoras e evidentes no mercado de trabalho. No entanto, há como se preparar para essas transformações, entendendo que o nosso aprendizado é uma jornada e não um destino.
Em outras palavras, aprender é um processo contínuo, sem validade. Com tantas mudanças percebidas ao nosso redor, parar de aprender não é uma opção. Pelo contrário: é uma contraindicação.
Lifelong learning: o caminho para seguir prosperando
Diante de todo esse contexto, a prática denominada lifelong learning, ou, em português, aprendizado ao longo da vida, tem ganhado cada vez mais relevância. Trata-se de um conceito que, como o próprio nome indica, preconiza a continuidade do processo de aprendizagem ao longo de toda a vida, em contraposição a aprender em um único período somente (como a escola, uma graduação ou uma pós). É uma abordagem que enfatiza a manutenção de um compromisso ativo na busca do conhecimento, pautado pela autonomia; uma postura crucial para acompanhar as incessantes transformações na sociedade e para conseguir prosperar em um mercado de trabalho cada vez mais exigente.
"Não importa há quanto tempo você usa uma ferramenta: atualizações contínuas transformam você novamente em um usuário novo e perdido" — Kevin Kelly
É incumbência nossa tomar decisões estratégicas em relação ao nosso próprio processo de aprendizado, respondendo às mudanças com agilidade, mapeando com precisão os saberes importantes para o presente e o futuro e deliberando sobre o que aprender e como aplicar tais aprendizados.
Flexibilidade e adaptabilidade, por exemplo, são competências que devem entrar nesse pacote, afinal, colaboram para lidar com todas essas transformações. O mercado contemporâneo demanda profissionais dotados de habilidades comportamentais como essas, que verdadeiramente colaboram para desenvolver, impactar e crescer no mundo de hoje. Portanto, várias outras soft skills também devem ser consideradas e priorizadas.
Para ajudar você com isso, no dia 11/03 abrem as inscrições da nova edição do curso de Habilidades Comportamentais da Lousa, no qual você poderá reconhecer e fortalecer as competências mais valorizadas pelo mercado, como flexibilidade, adaptabilidade, proatividade, ética, comunicação eficaz, gestão de tempo, persuasão, entre outras. Não perca essa oportunidade e já se inscreva na lista de espera:
É o amor a garantia da felicidade?
Podemos encontrar a persistência no aprendizado ao longo da vida no exercício da Filosofia. Desde os tempos mais antigos, pensadores se dedicam à busca incessante pelo saber, propondo-se, para isso, além do estudo, a exposição a diferentes pontos de vista e discussões que possam enriquecer seus conhecimentos nesse sentido de forma multifacetada.
É isso que acontece na primorosa obra O Banquete, de Platão. Na narrativa escrita por volta de 380 a.C, personagens diversos — entre eles, Fedro, Pausânias, Erixímaco, Aristófanes, Agatão, Sócrates e Alcebíades — se reúnem para um banquete, no qual partilham suas distintas perspectivas sobre o amor.
A diversidade de concepções que aparecem no texto platônico refletem a complexidade desse conceito. Agatão, por exemplo, entende o amor como algo intrinsecamente belo e bom, causando inúmeros benefícios para aqueles que o experimentam. Por sua vez, Fedro crê que o amor “é dos deuses o mais antigo, o mais honrado e o mais poderoso para a aquisição da virtude e da felicidade entre os homens, tanto em sua vida como após sua morte”. Para Erixímaco, cuja perspectiva é médica, científica e naturalista, o amor é uma força cósmica, responsável pela cura e pela manutenção da saúde física e espiritual.
Nessa profunda e rica discussão, nós, leitores, somos provocados filosoficamente e convidados a pensar, juntos aos personagens, sobre as nossas próprias concepções de amor e sua presença em nossas vidas desde os tempos mais remotos.
Curiosa com essa discussão e a fim de conhecer outras visões sobre o tema, O Banquete foi a obra que escolhi para o Clube de Leitura Lousa de março. Convido você a ler e vir se aprofundar e partilhar com a nossa comunidade sobre esse assunto:
Para ouvir e pensar sobre os ensinamentos de Platão:
Novo livro: Comentários à EC 132/2023
Em dezembro de 2023, uma semana antes da promulgação da EC n. 132, recebi um convite muito especial da Thomson Reuters: fui chamada para coordenar um livro de comentários à maior reforma tributária vista nos últimos 60 anos. Um imenso desafio, recebido com muito entusiasmo.
A obra reuniu 45 professores, entre os mais prestigiados do Brasil, que trouxeram seus comentários aos artigos incluídos ou alterados da Constituição, do ADCT e demais dispositivos com autonomia normativa.
Liderar esse projeto me trouxe muito orgulho e aprendi demais com todos os professores que contribuíram para preparar essa obra de estatura; uma publicação pioneira, preparada para ser livro de cabeceira dos profissionais da área tributária.
O livro já está disponível para pré-venda no site da Thomson Reuters, e você pode adquirí-lo com nosso cupom de 15% de desconto usando o código COMENTARIOSEC.
Acompanhe outras conversas e reflexões da Lousa
Para quem quer seguir refletindo e buscando aprendizado, apresento o Pequeno Expediente, mais um ambiente de transformação que proponho a você. Guiado por mim, esse podcast passa por reflexões profundas, indo da Filosofia ao Direito, da Literatura aos pensamentos de autoria própria, aumentando nossas possibilidades de partilhar conhecimento.
Feito especialmente para quem estuda e se desafia a pensar melhor todos os dias, esse é lugar para refletir sobre a vida, organizar a mente antes de começar o dia, encontrar o melhor jeito de abrir caminhos, ou, simplesmente, dar atenção a pensamentos comuns.
A primeira temporada completa já está disponível gratuitamente no Spotify — e eu espero por você lá ;)